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Pluralidade das expressões culturais tomou conta do Centro Cultural dos Povos da Amazônia


Na noite de segunda-feira (21/07), grupos de quadrilhas tradicionais, danças nacionais e representações indígenas emocionaram o público com espetáculos que exaltaram a história, os saberes e os sentimentos que moldam a alma amazônida, na décima noite de apresentações do 67º Festival Folclórico do Amazonas, realizado pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa.
A quadrilha tradicional Explosão na Folia trouxe para a arena o tema “Porto de Lenha – O Orgulho Amazonense”, um enredo que resgata a importância histórica do antigo Porto Flutuante de Manaus. O espetáculo faz referência à música “Porto de Lenha”, de autoria do artista Zeca Torres (Torrinho), em parceria com Aldisio Filgueras, que une crítica social e homenagem, e utiliza a narrativa para exaltar as origens, os costumes e a culinária local.
“O tema deste ano é muito nosso. A gente trabalhou a partir da música ‘Porto de Lenha’, que é uma crítica, mas também um chamado para o orgulho de sermos amazônidas”, explica o coreógrafo Weldson Rodrigues. “Orgulho indígena, culinário, do nosso jeito de falar, de viver, de tomar banho de rio. A nossa cenografia foi toda pensada para ambientar e emocionar quem se reconhece como povo do Amazonas. É um momento muito especial”, destacou Weldson.


Para o marcador Lucian Muca, falar do porto é falar das próprias raízes. “A Explosão na Folia sempre representou o estado com temas daqui. O Porto de Lenha é um símbolo da nossa força. Trazer essa história para a arena foi emocionante. A gente fez isso com respeito e orgulho do nosso chão, do nosso povo”, ressaltou.
A representatividade indígena foi destaque com a apresentação da Tribo dos Maués, que levou ao público a encantadora Lenda do Guaraná. Em um espetáculo vibrante e simbólico, o grupo dançou e cantou a origem do fruto como metáfora do amor e da cura, uma ode à cultura Sateré Maué.


“Falar da lenda do guaraná é falar da nossa verdade. Nossa cultura não pode ser esquecida”, reforçou o diretor artístico Marco Sahdo. “O Festival cresceu e abraça muitas expressões, mas não podemos apagar nossas origens. Ver jovens subirem ao palco para cantar e dançar na língua indígena, usando nossas cores e rituais, é uma realização. É disso que o festival também é feito: de raiz e pertencimento”, disse.


Já a Quadrilha Marupiaras do Amazonas apostou na força do tradicional com o tema “Ainda Estou Aqui, Oxente!”, trazendo à tona uma comédia popular nordestina marcada por conflitos familiares, religiosidade e reviravoltas amorosas. A história se desenrola em meio a uma festa junina sonhada por um espantalho e perturbada por um bêbado nostálgico.
“A gente escolheu esse tema porque sentimos que a quadrilha está perdendo suas origens. Então resolvemos afirmar: nós somos tradicionais, sim, e continuamos aqui, fazendo arte com respeito à essência”, destacou a presidente Margareth Soutelo.
A Quadrilha Nhô Chico Junino apresentou o espetáculo “Ferro, Fogo e Paixão”, uma reflexão sobre o encontro entre tradição e modernidade. O enredo utiliza a metáfora do ferro e do fogo para ilustrar como o passado e o presente podem se moldar juntos, criando uma cultura plural sem apagar memórias.


“O fogo molda o ferro, mas ele continua sendo ferro. Essa é a nossa mensagem: a gente pode se transformar sem perder a essência”, explicou o presidente Wellton Sarubi.
Fechando a noite com emoção e homenagem, o grupo de dança nacional Rancho Manauara levou à arena o tema “A alma gaúcha não se afoga: Memórias de um velho vaqueiro”. O espetáculo, criado a partir das enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul em 2024, emocionou o público ao falar de perdas, resistência e reconstrução.
“O personagem que criamos é um vaqueiro que carrega o Rio Grande no peito. Ele viu a enchente levar tudo, mas não perdeu suas raízes. A alma gaúcha segue firme”, contou o coordenador Fabrício Santos. “Dançamos hoje em homenagem a quem resiste. Nossa coreografia fala da terra, dos cavalos, do trato com o gado, e da dor que veio com a destruição. Mas também fala de esperança, porque o Rio Grande não se afoga, ele renasce”, afirmou Fabrício
Programação desta terça-feira


A programação do Festival Folclórico do Amazonas segue nesta terça-feira (22/07) com mais uma noite de apresentações que prometem encantar o público. Sobem à arena: a quadrilha tradicional Caipira na Roça da Betânia, o grupo indígena Tikunas Belezas Naturais, a quadrilha tradicional Jaq na Roça, a dança nacional Café do Ajuricaba e, encerrando a noite, a quadrilha tradicional Juventude na Roça.